segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Quarta

Tenho saudades tuas, tantas, nem imaginas. Saudades de nós, dos cafés e dos cigarros, das conversas parvas e das conversas profundas. Voltaste, mas não voltaste tu. Não sei explicar. Sinto a tua falta em todas as horas de tédio, em todos os momentos cheios de alegrias para partilhar, e em todos os momentos de tristeza onde quem mais me compreendia eras tu. Tenho saudades tuas e do teu apoio, da tua alegria e da tua revolta. Volta, lá do sitio onde te enfiaste, volta sff, está a ser insuportável.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Lemonworld

Quando ele a olha no fundo dos olhos e lhe vê a alma nua de disfarces e máscaras o mundo pára. O vento não sopra, os pássaros ficam suspensos no ar, assim como as folhas castanhas que viajavam pelo céu. Os carros não andam e aquele senhor que estava a acender o cigarro terá de esperar até a chama voltar a arder. O tempo pára, e ela perde-se naquela sensação quente e confortável que a invade. As sensações são quase irreais, o toque da pele e dos lábios, o sorriso e as gargalhadas. O silêncio enche-se de música, é a banda sonora do filme deles. Deixam-se estar, e quando o olhar se quebra, um minuto depois, e o tempo volta a correr, os pássaros a voar e a chama do isqueiro do senhor arde de novo é que ela se apercebe que com ele vai ser sempre assim, mágico, como se ele tivesse o poder de fazer parar o mundo e o tempo. O mundo dela, pelo menos...

domingo, 6 de novembro de 2011

Incapacidades

Hoje vou fingir que não te conheço. Vou dar a volta, descer a rua e meter-me no primeiro jardim que encontrar, nem que para isso tenha de andar quilómetros. Hoje vou fingir que não te sinto em mim. Refugiar-me num banco de madeira, debaixo de uma árvore e respirar ar puro. Hoje vou fingir que não estás na minha pele. Agarrar num papel e numa caneta e desenhar os meus sentimentos. Hoje vou fingir que és só um sonho. Vou fechar os olhos e relembrar os momentos onde não estás presente. Hoje, no banco de jardim onde me vou sentar, vou escrever uma história nova, para substituir a velha, vou começá-la e acabá-la, guardar as canetas na mala e vou andar até casa. Vou andar ao som de música que não me lembre de ti. Hoje vou fechar os olhos e deixar-me dormir enquanto finjo que algum dia vou conseguir esquecer que te conheço, que te sinto na minha pele, que és o sonho vivido, que estás sempre presente, em todas as memórias, e que toda e qualquer melodia me lembra o teu sorriso e o teu gargalhar; que existes em mim, como o a Julieta existia no Romeu. Era mais fácil, se não existisses...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Minha Querida Lisboa


Minha Querida Lisboa,

Ontem quando subi as escadas do metro e olhei para o teu céu, por entre os cabos dos eléctricos e os telhados das casas que teimavam em meter-se à frente do meu olhar, dei-me conta de como o tempo passa a correr. Passar semanas sem visitar as tuas ruas antigas já é inconcebível. As saudades que sinto correrem-me nas veias parecem quase irreais. Saudades de um sitio e das vistas desse sitio, do barulho dos saltos dos sapatos na calçada e das vozes apressadas de quem por ali passa. Chegou o Outono, Lisboa, e o Outono relembra-me o cheiro a castanhas assadas no teu Rossio. Já lá estão, e o chão já está cheio de folhas, o vento já é frio e o céu está, na maioria do tempo do dia, cinzento. Estás com o meu encanto favorito. O encanto das folhas e do Sol de Outono. O encanto do chocolate quente bebido nas janelas dos cafés, espreitando a rua e saboreando cada um dos seus pormenores. Da noite que chega cedo, que a muito convida a ir para casa cedo, mas a mim me convida a ficar, trazer um casaco quente, levar um pacote de castanhas e ir captar as tuas imagens com a minha câmara. Oh Lisboa, que saudades. Sabes o bom disto tudo? É poder reviver-te e revisitar-te todos os Outonos, todas as Primaveras, todos os Verões e todos os Invernos. Sempre, com todos os pormenores, com todos os barulhos e com todos os cheiros. Sempre, para a eternidade da minha vida. Sim, eu sei que mudas, mas mudas pouco e devagar, e há coisas que nunca mudam. A tua imortalidade é uma delas, e eu quero dar-te a conhecer Lisboa, todas as ruas, becos e vielas, todo o encanto. Sim, voltou, e anda de mão dada comigo...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Acontece

Acontece todos os dias. Num sorriso, num olhar ou num toque, mas acontece, sempre. É inevitável. Todos os dias me apaixono por ti...

domingo, 23 de outubro de 2011

Outono

Chegaste, finalmente. Sê bem-vindo, com todos os teus ventos, chuvas e arrepios. Estava à tua espera para me poder enroscar na manta amarela e deixar-me estar a ver as folhas voarem pelo ar e as gotas da chuva a deslizarem pelo vidro da janela. Tinha saudades tuas, sabias?

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um beijo no nariz, um abraço e um sorriso.

domingo, 2 de outubro de 2011

Outra vez.

O silêncio e a calma reinavam naquele lugar. Era um lugar mágico. Ali, no meio da confusão da roupa espalhada pelo chão, por cima do sofá e nas costas da cadeira, das almofadas fora do sítio aonde pertencem e dos objectos pousados, aleatoriamente, nos móveis, era onde a perfeição acontecia, vezes e vezes sem conta. Acontecia num olhar, numa troca de sorrisos ou numa gargalhada. Acontecia num toque, num abraço e num beijo. Acontecia quando estavam os dois. A perfeição acontecia ali, naquele lugar, porque eles ali estavam. E acontecia ali, mais que em qualquer outro lugar, porque ali não havia distracções. Ali, concentrados um no outro, na serenidade de uma existência partilhada, eles faziam a perfeição acontecer. Era o lugar deles. Um lugar novo, que veio substituir outro que em vez de chão de madeira tinha chão de relva. Um mais feio, mas mil vezes mais belo. O jardim onde se conheceram e deram as mãos fora transportado para dentro daquelas quatro paredes. O chão continua a ter o toque da relva debaixo dos seus pés descalços, o tecto é azul e tem nuvens. É o mundo deles. Um mundo cheio de música. E eu sei que nem ele, nem ela, queriam existir senão ali, no seu novo recanto, onde a perfeição acontecia a cada momento de partilha, a cada palavra inesperada pelo ouvido incrédulo no momento em que lhe dizem: "Sim, estou. Só te quero a ti...".


P.

sábado, 24 de setembro de 2011

P.


E assim repousaram, entrelaçados um no outro, abraçando-se com força, como se naquele momento estivessem todos aqueles momentos que têm medo de perder.



P.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Contos-de-Fadas

Em vez de me contares a história vive-a comigo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Hoje é ódio.

A noite caiu. Ela ainda se tentou agarrar aos ramos da árvore grande que vive no jardim, mas falharam-lhe as forças. A noite caiu, e ela foi atrás, caiu com ela. Ficou deitada aos pés da árvore, o chão à sua volta cheio de folhas. Folhas velhas, castanhas, amarelas e vermelhas. Memórias espalhadas sobre a terra, como se alguém tivesse largado uma mão cheia delas ao sabor do vento. Algumas como que levitavam no ar, caindo lentamente lá do cimo. Memórias a pairar no ar e a cair no chão. Velhas, amassadas, como se fossem as páginas de um livro, arrancadas à força. Ela está estática, exactamente no mesmo sitio onde caiu. Não entendo porque é que não se levanta, limita-se a estar, a ver passar o tempo à sua volta e o vento a levar-lhe os pedacinhos de alma que tinha depositado em cada um dos momentos que viveu e guardou. Uma gota de água no meu nariz... Está a começar a chover. Gotas pequeninas. Nuvens a chorar. Choram as lágrimas que há muito secaram dentro da menina que está deitada sob a árvore. Chamei-a, à pouco, olhou para mim e sorriu. Foi um sorriso triste. Não entendo... Chove-lhe em cima, a potes, e ela não se mexe. Está a deixar fugir as folhas!

"MEXE-TE!"...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Terceira.

É quase uma necessidade básica, diria até que uma necessidade fisiológica como fazer xixi ou beber água. Surge do mesmo modo, mesmo que mais demorada, a vontade chega sempre, de vontade passa a necessidade. Demorou quase um mês, mas chegou: Estou cheia de sede! A promessa da tua chegada torna-se já vaga. Long time, no see! Saudades! Sim, essas putas que nos queimam por dentro e nos deixam tristes e cheios de vontade de revirar o mundo em busca daquilo que nos faz falta. Eu tenho de esperar. Volta depressa. Fazes-me falta e começa a ser desconfortável passar sem ti. Volta.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Magias

Amoras Silvestres.


Castelos Corajosos.


Abraços Deliciosos.


Coelhos Velozes.


Tostas Mistas.


Mar Campestre.


Casas Caiadas.


Estradas Submersas.


Caminhos de Terra.


Beijos nos Olhos.


Cigarros no Alcatrão.


Paisagens Maravilhosas.


Aromas Enebriantes.




Se por acaso estiver a sonhar, não me acordem.

P.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

E a preta faz anos.

Estás crescida, tanto! Tanto mas ainda não que chegue!

domingo, 17 de julho de 2011

Wandering Star

Quando espreitei cá para fora e me dei conta que o silêncio matinal estava cheio de música nem quis acreditar. Voltaram a ligar o rádio, há música em toda a parte. São a sintonia dos batimentos cardíacos daqueles dois corpos deitados à sombra do pinheiro grande e as músicas que não param de tocar, mesmo em silêncio, que me leva a pensar que tudo vale a pena.







P.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Ciclo da Vida

Põem-nos no mundo e fazem-nos crescer e ensinam-nos a andar, falar e pensar, mas não nos dizem que no fim desaprendemos tudo isso. O silêncio é gritante aqui agora. Calaram-se o assobio nas escadas e os gritos da televisão depois do jantar.




Tenho pena, faziam-me sorrir.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Andar

Voltaram costas um ao outro a seguiram em frente. Andaram até serem apenas dois pontos indistintos no horizonte e nenhum deles olhou para trás uma vez sequer. Medo, é o meu palpite. Medo de olhar para trás e desistir de andar. Medo de se acomodarem e esquecerem de novo a essência de que são feitos, de se deixarem ficar caídos naquele marasmo que, apesar de desesperante, era confortável. Então caminharam, os dois, juntos, mesmo que fossem em direcções opostas, pois ambos sabiam que se andassem sempre em frente, vissem tudo o que havia para ver, haviam de chegar ao ponto de onde partiram. Quando dessem a volta ao mundo voltariam a encontrar-se a acomodar-se um no outro. Foram, com medo dos obstáculos, das saudades, do novo e do diferente. Foram já faz um tempo, e eu continuo aqui sentada à espera de os ver chegar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Colada ao Chão.

De olhos abertos vejo-te em todo o lado, de olhos fechados é o teu aroma tão caracteristico que me invade os sentidos, ou talvez seja apenas a recordação desse cheiro. Queria um abraço à chuva, para recordar os tempos em que a paixão nos queimava a pele e fazia as gotas da água evaporar.




Hoje é ódio.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Calou-se

O silêncio é gritante, a música emudeceu, o som é o do nada.

domingo, 1 de maio de 2011

O teu espelho é um velho amigo meu.

O teu espelho é um velho amigo meu. Olhei-o e ele sorriu-me, como se os anos que estivemos longe não passassem de um minuto apenas. Havia vestígios nossos por toda a parte.

Ainda me lembro da última manhã em que sorri para ele e ele me sorriu de volta. Já lá vão uns anos... Ontem quando entrei em tua casa e o vi lembrei-de de tudo o que fomos, e ainda somos, capazes juntos. Lembrei-me das conversas, dos sorrisos e dos suspiros. Lembrei-me das brincadeiras e das brigas. Lembrei-me das dores que eram quase físicas. Lembrei-me do tudo que foste, desde o primeiro dia e ainda és, passado todo este tempo.

Tenho saudades dos tempos em que nos respiravamos sem ninguém dar conta, em que os olhares traziam mil palavras, em silêncio, de compreensão e de gargalhada.

Ontem quando entrei em tua casa soube que este era o amor que ia guardar sempre comigo, dentro da minha mão. Vou guardá-lo bem, e sempre.

E esse espelho, bem espero que o guardes, para quando eu voltar a passar as manhãs no tapete azul o ter como companhia.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Fake Empire

Sim, é. Se não o fosse a multidão que me rodeia teria vozes, em vez de ruídos, e eu ouvi-la-ias. Compreenderia o que me dizem, faria parte dela. Mas não, continuo perdida lá no meio, sem saber bem qual dos traseuntes contornar para passar, a atrapalhar-me com as suas sombras e os restos das suas vivências e experiências. Presa ao chão. Tem dias em que nem sequer me atrevo a andar, tal é o medo de ser pisada ou esmagada pelos egos gigantes que passam por mim e me olham de cima a baixo, com essa altivez e segurança que é também é minha. Sim, também as tenho, uso-as todos os dias, são muralhas à minha volta. São muralhas altas, imponentes, que não deixam ver o que se passa do lado de cá, dentro do império onde sou dona e senhora de mim. São perfeitas, funcionam, mas são falsas, e estão a cair. Não me deixam passear na multidão, deixam, mas distorcem as imagens e o som. Não as quero, mas preciso delas. É ambíguo, um dilema. Faz-me viver meia a dormir, num império irreal, ilusório e falso, que um dia cai de vez...



Já esteve mais longe.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Colada ao Chão.

Olhei pela janela e vi-a passar. Lá ia ela toda sorridente, luminosa, resplandescente. Vi-a passar, como sempre, mesmo ao lado. Estou sempre a fazê-lo. Em vez de sair de casa e ir atrás dela deixo-me ficar no sofá, e vejo-a pela janela. É triste, mas o medo de cair enquanto caminho é maior que a coragem de saltar pela janela e correr atrás dela. O pior é que sei que um dia ela vai e não volta, e eu vou estar condenada ao sofá e às vidraças cheias de dedadas. Se houvesse coragem no supermercado... Não é que eu tenha falta de coragem no geral, mas esta é uma coragem especial, desta eu não tenho. E preciso. Muito.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Segunda.

Passam as horas a correr enquanto, sentadas, fumamos cigarros e falamos do tudo, ou do nada, depende da disposição. Nem dou conta das nuvens a deslizar pelo céu, nem das pessoas que se passeiam pelas ruas, umas depressa outras quase em câmara lenta. Há turistas à nossa volta, às vezes oiço-lhes as vozes estrangeiras, demoro um bocado a reconhecer as linguas, a perceber o que dizem. Depressa deixam de ter interesse, já tu me arrancaste uma gargalhada ou me fizeste voltar a pensar. Fazes-me isso muitas vezes, sabes? Pensar. Fazes-me pensar naquilo que não quero, às vezes no que quero, mas é quase sempre no que não quero. Irrita-me a forma como me fazes rever, repensar, respirar fundo, às vezes suspirar. Irrita-me a forma como nos entranhamos nos tecidos das nossas peles, eu na tua e tu na minha. Parecemos duas velhas árvores coladas ao chão, cujas raízes se interlaçam umas nas outras e se seguram uma á outra, se apoiam sem ninguém ver, sem ninguém notar. É deliciosa a forma como podemos ser/estar, sem nos incomodarmos, percebendo-nos mutuamente. És, como já te tinha dito, um espelho.


Teve de ser, outra vez. E parece-me que não é a última, mas tenho-te como tenho poucos, e é preciso louvar isso e agradecer, muitas e muitas vezes.


Obrigada.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Bem-me-quer, Mal-me-quer.

Pétala a pétala.

Um passinho de cada vez.

Como o ponteiro dos segundos de um relógio.

Tic-Tac.

domingo, 20 de março de 2011

Melodias

É aquela espécie de música que não se ouve, mas que soa e ecoa até aos nossos confins!


Invade-nos, viola-nos, massacra-nos. Era deliciosa, hoje é apenas um eco inquieto que incomoda e teima em não se calar. Não entendo, mas aceito. Não posso fazer nada para a contrariar. Ela um dia vai-se embora, cala-se. Até lá, ficamos no sitio onde estamos. Com os pés presos ao chão, como aquela árvore grande que me dá sombra no sítio onde o Sol mais queima.

sábado, 12 de março de 2011

E de repente...

Fechas os olhos e fazes força, contrais os musculos à espera do impacto. Esperas. Um segundo torna-se num minuto, e esse minuto parece que não acaba.

E de repente...


Dás um passo em frente, primeiro um pé e depois o outro, respiras fundo. Suspiras. A água que parecia ser gelada e cortante é, afinal, quase quente. Confortavel diria!

Ah mar, como eu tinha saudades tuas!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Primeira.

Esta é a primeira, de muitas talvez não sei ainda. Mas agora tem de ser. É necessário, é quase obrigatório, fazê-lo, dizê-lo, escrevê-lo, agradecê-lo, honrá-lo, admirá-lo também. Não sei explicar como nem porquê, de onde veio ou sob que forma apareceu, sei apenas que chegou, parece-me, que para ficar. É estranho. Quase tão estranho como aquele Sol de Inverno que nos aquece até a alma, ou aquela brisa fresca, quase gelada, que nos arrefece a pele no Verão, chegando até a provocar arrepios; é um estranho delicioso.
Primeiro estranha-se, depois entranha-se, já dizia a minha avó. Não podia ter mais razão. Foi tal e qual o que aconteceu. Estranhei; foi quase como se me estivesse a ver ao espelho, irritou-me, foi quase como se me soubesse de mim, desde sempre. Também eu consegui ler, como se existissemos na mesma realidade desde sempre. Entranhou-se em mim; como as gotas da água da chuva entranham na terra, ou nas roupas dos traseuntes que caminham na rua distraídos. Foi estranho, tão estranho, mas agora é bom. Chega a ser delicioso. É como falar comigo mesma, com as partes más melhoradas e as boas modificadas; com palavras inaudiveis, com gestos quase imoveis. Sabe-me. Compreende-me. Aceita-me. Obrigada.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Eu

É.
Sou.
Original.
Estranha.
Chamem-me o que quiserem, desde que consigam ver a diferença entre mim e o resto do mundo.
Eu sou tudo aquilo que o resto das pessoas não são.
Sou eu, só e com tudo o que é meu e que não é de mais ninguém.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

"To be ignored mom, that's the worst!"

Um dia...

Palavras, conjuntos de letras com significado. Voam-me dentro da cabeça, mil ou mais, voam soltas à espera que eu agarre nelas e lhes dê um sentido, que conte uma história com elas. Seja ela real ou não. Esperam que as prenda e as faça brilhar. Querem sair, gritam-me tão alto que são quase insuportaveis, querem vir conhecer o mundo e dar sorrisos às pessoas. Querem vir fazê-las chorar de emoção: seja de alegria ou de tristeza. Palavras. Palavras de amor, de raiva, de revolta, de consolo!
Um dia vou pô-las todas cá fora, um dia...



Já faltou mais...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

5 28

Nos primeiros dias não vais sequer acreditar no que está a acontecer, vais dizer a ti mesma que é mentira e que é impossivel. Mas não. Ao terceiro dia, vai cair a ficha, e vai doer tanto que até respirar vai custar. Não vais conseguir falar sequer, o único sou audivel será o som das lágrimas a brotarem dos olhos sem pedir licença. E vai ser assim até adormeceres de exaustão. Nessa noite vais dormir, vais acordar mais descansada, e vais pensar que já passou. Mas não. Assim que vires uma imagem, ouvires um som ou cheirares um qq aroma que te lembre da fatalidade, as lágrimas vão cair de novo e aquela falta de ar horripilante vai voltar; como já não é a primeira vez que acontece vais conseguir controlar-te, vais levantar-te do sitio onde caiste e regressar à tua vida nesse dia. Sais de casa e distrais-te com aquelas coisas mundanas de sempre. Dia após dia. Num desses dias vais revisitar os sitios, rever as imagens e tentar ouvir as músicas. A primeira vez vai ser insuportavel, nem sequer vais conseguir ouvir a música até ao fim. Na segunda vez ouves, mas com aquela falta de ar desgraçada. Na terceira vez ouves a música até ao fim, até cantas o refrão, nesse dia adormeces sem ensopar a almofada, de manhã acordas e não ligas à falta de ar e o aperto no estomago é apenas um beliscão. Perguntam-te" Não te dói?" e pensas: "Engraçado, já nem sei se dói ou não.", nesse dia, minha cara vais perceber que estás de tal modo habituada à dor que nem dás por ela, e a dor só fica quando sabe que tem importância, como a perdeu faz as malas e vai-se embora. Estás curada! Quantos dias são? Depende, tu só ainda vais no quinto, e a minha, bem a minha já nem sequer me lembro quando foi que ela se foi embora.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Egocentrismo



Era de manhã cedo, chovia. Era apenas aquela chuva-molha-parvos, como diz o povo, mas era chuva. Estava frio, um frio daqueles que nos ataca até aos ossos, nos gela tudo, até a alma. Eu gelei. Parei no sinal vermelho, abri a janela e respirei fundo, gelei. A música soava como soam os sons do eco: distorcida e longínqua, ouvia-a, mas não a percebia. Bati no fundo, senti o chão frio debaixo dos meus pés descalços. Havia uma porta do outro lado do quarto, uma porta fechada. Havia luz por trás da porta. Abri-a, e entrei. Por momentos a luz cegou-me, pensei que era aquela luz bonita que tanto me encantava, não. Era um espelho. Olhei com olhos de ver, estava lá alguém. Era pequenina, tinha olhos tristes e cabelos grandes, mas sorria tanto! Quase lhe conseguia ver a alma. Disse-me:


"Já tinha saudades tuas, há tanto tempo que não te via. Estou feliz por teres voltado."
"Sim, eu também..."


Piiiiiiii.... Uma buzina, o sinal está verde. Andei em frente e sorri.
Reencontrei-me, hoje, quando me perdi no fundo de mim.

domingo, 23 de janeiro de 2011

E na hora do adeus...

Quando acabei de ler aquelas letras deformadas por lágrimas que sabia serem tuas senti-me a desfazer. Tu viste-me, tu vias-me sempre. Em qualquer momento, em qualquer altura. A dormir ou acordado, tu vias-me. Acreditavas em mim, a todo e qualquer momento. Sempre o fizeste, pelos vistos ainda fazes.
Olho em volta, sinto-te aqui. Vejo-te nas paredes: o mesmo sorriso luminoso, os cabelos longos, lisos, mas desalinhados, as mãos pequeninas. Perfeição. Vejo a perfeição em cada defeito. Vejo os livros sem pó, as folhas amarrotadas no cesto dos papeis, os rascunhos. Vejo-te em cada flor, em cada folha seca que ficou esquecida no chão. Sinto-te em cada objecto, em cada espaço que está vazio aos olhos dos mortais. Onde foste? Tu viste-me, naquele dia. Eu pensei que não, baixei a cabeça e fugi assim que pude. Refugiei-me no grande autocarro amarelo que passou. Não te consegui enfrentar. Não consegui enfrentar esses olhos espelhados que me fazem ver o certo e o errado com tanta clareza; que me fazem querer fugir de mim mesmo e dos meus defeitos tão vazios de perfeição... Abro a porta do quarto, está tal e qual como sempre disseste que um dia seria: branco! O branco que contrasta com o castanho escuro do chão e o vermelho daquela tulipa vermelha que sempre teimaste em ter numa jarra. Não é decerto a mesma, mas é exactamente igual àquela que tinhas na mão no dia em que correste atrás de mim na estação. É perfeita! É como tu. Onde foste? O avô sempre disse que o bom filho à casa torna. Bem sei que não sou teu filho, mas voltei, e tu não estás. Vou sentar-me aqui, tens uma cadeira de baloiço, como sempre disseste que ias ter. És teimosa. Sempre foste, nunca deixaste de o ser.
...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Felicidades

Amendoa Amarga + Amigos + Música


É perfeito! Quais contos de fadas, quais "quês"! Há sensações no mundo real que são tão melhores que as do imaginário onde teimas em viver Alice!!!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

E na hora do adeus...

"Quando olhei pela janela chovia tanto que tudo parecia distorcido, como numa aguarela. Parecia que estava a ver o mundo pelos óculos da avó, tudo tinha uma forma diferente e sem linhas, estava tudo turvo. Pensei para mim que o céu tivesse a chorar as lágrimas que eu não conseguia verter, tolice! Como se fosse assim tão simples... Mas chovia tanto! Tanto! E eu quero chorar, tanto, tanto! Mas não consigo. Sinto o peito apertado, apertadinho, mas não. Não sai nada, nem a voz me sai. Também queria gritar, não consigo! É um sufoco e uma ironia. Quantas foram as vezes que quis parar e nada, as lágrimas brotavam-me dos olhos tal como as gotas caiem das nuvens. Estou cansada deste mundo paralelo em que vivo. As pessoas parecem estar noutro plano, como que em câmara lenta... E eu, cá de fora, estou cansada de ver este filme em slow motion...
Já partiste há tanto tempo, tanto que já perdi a conta aos dias. Perguntei-me tantas vezes onde estavas que acho que gastei as palavras. Usei-as até estarem usadas e rotas e desfeitas. Nunca me esqueci desse dia, em que viraste costas e entraste naquele autocarro vermelho, enorme e imponente. Não sabia para onde ias, aliás, nunca soube. Disseste-me adeus e até sempre. Nunca mais te vi. Na hora do adeus soube que nunca ia amar ninguém como a ti, que nunca ia existir tamanho amor. Era como aqueles das histórias que o avô costumava ler, ainda é. Nunca mais te voltei a ver, até ontem. Trazias contigo o mesmo sorriso, o mesmo cabelo desgrenhado, as mesmas mãos, sempre tão maiores que as minhas. Não consegui pensar, não consegui reagir, não consegui sequer respirar. Tiraste-me o folego, como de tantas outras vezes. Não consegui esconder o sorriso, muito menos o brilho no olhar. E de repente um grande autocarro amarelo pôs-se entre nós, parou mesmo à frente do teu olhar. Desapareceste. Outra vez... "
...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Minha Querida Lisboa

Minha querida Lisboa,

Oiço música em todo o lado. Em cada espaço outrora preenchido ora pelo silêncio, ora pelos teus sons citadinos, ouve-se agora música! As tuas paisagens têm de novo uma banda sonora e os teus cheiros são acompanhados de melodias. Melodias que me enchem a alma de luz e cor, que me fazem sorrir e me aconchegam, que me fazem recordar as coisas boas que a vida já me deu. Hoje recordo a infância, Lisboa. Lembras-te de mim? Quando era pequenina e afugentava os pombos aos pontapés? E quando ia de mão dada com o avô descer a Av. da Liberdade, a comer um gelado daqueles dos senhores dos carrinhos da mota vermelha? Lembras-te? Eu lembro... Não mudaste nada! Houve tempos em que não tinhas músicas nas ruas, mas agora voltaste a ter. Estão um bocadinho diferentes, as músicas, são outras agora, mas igualmente deliciosas! Sabem-me tal e qual me sabia o gelado nas tardes de Domingo em que o avô me levava a passear, sabem-me à perfeição!
Tinha saudades tuas, Lisboa.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Lição de Voo nº1

"Não me deixes ver para além de ti, não faz sentido."



Não sei explicar, é uma sensação que ultrapassa o racional. É demais aos olhos comuns. Não a veêm, e nem sequer aqueles mais sensiveis a conseguem sentir. É invisivel e silenciosa. Tem alturas em que é calma e outros em que é um frenesim. É gelada na pele quente, e ferve na pele fria. Tenho-a nas mãos, nos lábios, nos olhos, nos cabelos... Não sei como, nem porquê, só sei que a tenho comigo, me corre nas veias, me invade cada centimetro do corpo e da alma. Só sei que com ela consigo tocar um avião sem tirar os pés do chão.


P.

Felicidades
























































Obrigada por tanto me fazerem sorrir...