quarta-feira, 8 de abril de 2015

Os teus e os meus

Era uma vez uma alma que caiu do céu e se partiu em dois bocados.Voaram com o vento, correram o mundo, viram outros pedaços de almas, apaixonaram-se, desapaixonaram-se, choraram, sofreram, sorriram, viveram... Um desses pedaços era meu, o outro era teu. Encontrámo-nos, um dia, sem querer. Sem o querer, realmente. Conhecemo-nos. Encantámo-nos. Sempre sem o querer. Ouvimos música. Passeamos. Apaixonámo-nos Sempre sem o querer. Sofremos por essa paixão, cada um pelos seus motivos. Errámos. Lutámos. Magoámo-nos, sempre sem o querer. Descobrimos que juntos éramos um só. Evitámos sê-lo. Cedemos, mas sempre sem o querer. Pelo menos até ao dia em que quisemos e  hoje, somos felizes, tão felizes...
Somos tão felizes que nos esquecemos muitas vezes da efemeridade do tempo e dos momentos que passam a correr por nós. Somos um, mas não nos esquecemos de quem fomos antes de o ser, nem de quem seremos quando um de nós se for. E sabes porquê? Porque não nos esquecemos dos nossos defeitos. Nem dos teus, nem dos meus. Eles equilibram-se, por isso, são bem-vindos.

Obrigada.
P.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Silenciaram-se as palavras

Já ninguém escreve. 
Cresceram todos, mudaram de vida e já ninguém tem tempo a perder com as palavras que traduzem aquilo que se pensa ou se sente. «Para quê?», é uma pergunta recorrente; «Não tenho tempo», uma desculpa frequente. Estão todos tão ocupados, tão cheios de si mesmos, tão preguiçosos, perdidos no marasmo da rotina da vida que já nem sequer acham vontade para partilhar palavras. Esta forma de comunicação é tão válida como qualquer outra. Pegamos num tema, escrevemos sobre ele, mostramos-lo aos demais, partilhamos a opinião, a visão, o bitaite. Já esteve  na moda, mas dava trabalho. Como dá trabalho as pessoas esquecem-se dela, ou então descuidam-se. Sim, há quem continue a escrever, mas já não o fazem como faziam dantes. Agora é descuidada e à pressa, não tem peso, não tem consciência ou profundidade, são meras palavras dactilografadas com força no teclado. Isto quando o são, é que hoje em dia há palavras que não chegam a ser gravadas. E é triste!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Minha querida Lisboa

Minha querida Lisboa,

Sabes quem vi chegar hoje? O Outono... Sabias que na Língua Portuguesa, por causa do novo Acordo Ortográfico, o Outono perdeu a sua maiúscula? Pois, eu sei, é feio, mas eu deixei-lha lá estar. Parece-me importante, é um ser único, o Outono. Teimo em personificá-lo num vendedor de castanhas, de barba e com uma boina. Parece-me que é simpático, melódico e suave. Compreensivo e paciente, vem ajudar as pessoas a aceitarem melhor a transição entre os dias quentes do Verão e os dias gelados do Inverno (também estes dois perderam as suas maiúsculas, mas eu insisto em deixá-las no sitio, a todas). Sopra para as árvores todos os dias, até as suas folhas cairem, devagarinho, devagarinho. Vai toldando o sol para nos ajudar a aceitar que ele também tem que ir descansar e vai-nos molhando os pés para nos irmos habituando ao frio. É uma bela ajuda. 
Hoje fui apanhar o resto do sol, sentei-me numa esplanada e pedi um café. Quando dei conta estavam a cair pequenas folhas, foi quase uma chuvada de folhas. Percebi que era ele. Soprou primeiro a árvore mais próxima de mim, depois a outra ao lado, depois a que estava lá ao fundo, e aos poucos o chão foi-se enchendo de pequenas folhas amarelas, castanhas e laranjas. Já tinha saudades dele...

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Poesia

"A cidade estava deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte...". Fui eu, confesso. A cidade estava deserta e eu queria ver-te e ter-te ao pé de mim. Como tardavas em chegar desatei a escrever-te em todo o lado, na esperança de que andasses mais depressa ao ver o teu nome ao longe. Ainda pensei gritar, mas já me doía a voz desde o último chamamento. A tua distância e a tua ausência magoam-me profundamente a alma, deixam-me triste e desanimada, como se nunca mais fosse voltar a ver o Sol. Ver-te chegar faz com que as borboletas que vivem no meu estômago esvoacem com toda a força das suas minúsculas asas! É bom, é refrescante. No entanto, cada vez que viras costas, por muito que eu te sorria quando olhas para trás, parece que há uma parte de mim que vai contigo. É uma sede, uma fome, uma vontade, uma necessidade de ti que se instala em mim e que não é saciada até à próxima visita. No dia em que voltámos costas um ao outro e eu pensei que nunca mais te ia ter de novo, prometi a mim mesma que não iria permitir às borboletas que esvoaçassem de novo quando te pusesse a vista em cima. Apaguei-te e arranquei-te de mim e das minhas coisas, pensava eu... Rebelaram-se, desobedeceram-me e assim que os teus olhos pousaram nos meus, e os meus nos teus, começaram a bater as asas desenfreadamente. Pensei que não iam parar! Zanguei-me imenso com elas, quase que lhes deixei de falar... No dia em que acabou a nossa distância e voltamos a estar pertinho um do outro pedi-lhes desculpa e percebi que nunca mais as iria impedir de se exprimirem: elas estavam apenas a ser fieis ao meu coração.
O amor é um sentimento sobre o qual todos escrevem, todos opinam, todos dizem e desdizem. A uns agrada, a outros maltrata. O ser humano, que de todos os animais é o mais complicado, sente-o de formas inimagináveis. Cada um é como cada qual, e cada um o sente de forma diferente. O meu amor não é igual ao teu e o teu não é igual ao meu. Com isto vem a obrigação de respeitar o amor que cada um sente. Respeitá-lo pelas suas igualdades e desigualdades é um dever, e todos temos os nossos direitos e deveres! Eu aprendi a respeitá-lo, por isso mesmo é que anseio por ver-te chegar, trazido pelas rajadas frias do vento de Inverno. És a minha poesia. Só em ti consigo dar largas à minha criatividade e amar-te todos os dias de forma diferente, inovadora, distante de todos os clichés, e quando uso os clichés consigo sempre dar-lhe uma pitada de novidade. Só para ti é que consigo arranjar novas palavras que consigam transmitir e conter nelas todo o amor que te quero dar, escrever e dizer. A tinta que sai a jorro da ponta da minha caneta ganha vida e estica-se e encolhe-se para te escrever o meu amor. És a minha verdade. És o amor que grito e canto para todos ouvirem, és a poesia que escrevo para que os olhos de quem a lê consigam sentir o calor do amor e ver a beleza deste estado de devaneio constante. És. Somos, e essa é a melhor parte.

domingo, 26 de maio de 2013

Amor és tu!

Antes de te conhecer, não sabia que o amor podia ser de mais cores além do cor-de-rosa dos filmes e das histórias encantadas que lia. Não sabia que o amor não tinha hora para chegar e que era possível alguém apaixonar-se todos os dias pelas mesmas coisas, ou por coisas novas, mas sempre pela mesma pessoa. Não sabia que o amor acontecia em qualquer lugar, apesar de ter já visto o magano a espreitar nos sítios mais deslocados e inesperados. Já sabia o que era o amor, sim, mas não sabia que o conseguia sentir dia após dia, desde o primeiro até ao de hoje. Não sabia que o conseguia sentir já amanhã. Não sabia que conseguia reviver as sensações do ontem, dos momentos efémeros passados num passado ainda próximo, mas que se afasta cada vez mais. Antes de me apaixonar por ti, não conhecia o desespero. Não conhecia a sensação da sede. Tentar beber água e ela, desesperadamente, fugir-me por entre os dedos. Também não sabia o delicioso que é sentir o desespero e matá-lo, de seguida. Momentos de angústia, consolados num abraço apertado tendo a paisagem predileta dos dois como fundo. A cumplicidade e a união, tão estreitas!
Antes de te conhecer, não sabia que o amor podia ser tudo e nada ao mesmo tempo. Ser espontâneo, e inesperado, e o inesperado acontece em qualquer lugar. Não se idealiza, planeia, não se arruma a casa e põe flores na jarra. O amor é eu estar aqui, tu aí e mesmo assim estarmos os dois no mesmo lugar, à mesma hora, a todos os momentos. Não sabia que era assim, mas agora sei. Existimos os dois no mesmo sitio e em sítios diferentes sem qualquer esforço. Temos história em nós, temos memórias e fotografias, recordações escritas, vistas ou faladas prontas a saírem de nós, e em todas elas tu e eu somos nós. Não sabia que podíamos ser um só. Somos.  Quando estamos juntos somos tudo o que queremos ser e não podemos, e somos isso tudo sempre, já que estamos sempre juntos, mesmo estando longe.

O amor és tu, P.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Nostalgia

Liguei o rádio, deixei a música invadir-me até ao fundo de mim, senti as vibrações do som nas pontas dos dedos da mão que estava pousada na estante. Deixei que o baú das memórias se abrisse, e quando dei por mim as lágrimas escorriam pela minha cara a baixo. A sensibilidade do coração magoado e amachucado, como se fosse uma folha de papel, é maior do que a de qualquer outro órgão  O amor que nutro pelos outros pedaços de mim não chega para amainar a dor que às vezes me ataca. É a falta, o vazio a necessidade que não é colmatada com o que precisa, é a saudade. A saudade é a palavra que melhor define o que sinto. É um sentimento nostálgico, com sentimentos que recordo e sei que não vou voltar a sentir, com mimos que não vão ser mortos e desejos que não vão ser concedidos. É um egoísmo, eu sei. Havia dor e desespero, e foi melhor assim. Mas a saudade é um bem que trazemos sempre conosco, pertence-nos e nasce da ausência, da distância e do conhecimento. É triste quando acordamos num dia menos bom, mas é bonita quando acordamos num dia melhor, faz-nos relembrar as coisas boas que aprendemos das vivências que tivemos com algum, num dado momento.


domingo, 24 de março de 2013

Amor

Aqui li há dias um texto que chamava a atenção dos demais para o facto de, no amor, darmos apenas importância às coisas extravagantes e aos feitos grandiosos, pequenos prazeres aproveitados a dois, que no entanto, são visíveis por todos, fizeram-se para serem visto pelos espectadores desconhecidos que passam por nós ou que existem nos mesmos sítios que nós. E então as pequenas coisas? Aquelas pequenininhas, os pormenores, que para mim são a base de qualquer amor, aqueles que são tão pequeninos que nem sequer damos contas deles, e no entanto, eles estão lá, todos os dias, acompanham-nos a todos os minutos passados a dois. Pequenas coisas como um: "Bom dia.", "Dormiste bem?", "Já tomaste o comprimido?", "Já comeste?", "Fiz-te café.", "Comprei-te o jornal, sabia que o ias querer ler.", "Olha, pedi-te uma amêndoa amarga, achei que querias.", "Fizeste boa viagem?", "Vá lá, coça lá o nariz.", "Podes pedir salgadas, sei que gostas mais assim.", "Não comas porcarias.","Sai daí que ainda cais."... Estas pequenas coisas, que podem até ser quase maternais, são as que mais me deliciam. O facto de alguém, que não é um dos nossos pais, saber que só bebo água à refeição, que gosto da pizza com azeitonas, que me traz as coisas sem eu ainda as ter mencionado porque sabe que as vou querer, que abdica dos sabores que mais gosta em detrimento da minha preferência, que me deixa o resto do queijo derretido da tosta só porque eu gosto, que me dá almofada para eu ficar mais confortável  é, para mim, a maior demonstração de amor que existe. Faz-se e dá-se com o coração, sem esperar receber em troca, nas mais pequenas coisas que se partilham todos os dias, sem termos noção disso mesmo. O amor é isso mesmo: a dádiva, a partilha, a atenção, a dedicação. O amor está nas coisas corriqueiras do dia-a-dia, sem nos apercebermos que se não as tivessemos não eramos tão completos, tão felizes. São os cafés numa qualquer esplanada e os pés enroscados uns nos outros. É o bom dia com o sorriso na cara e o "dá cá que eu levo que isso deve estar pesado...". São as pequenas coisas. Essas sim, deviam ser vanglorizadas, aclamadas e cantadas, todos os dias. 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Retrospectiva

Vendo o ano aqui do cimo das escadas, só me posso dar por contente por ter conseguido subir os degraus todos. Eram tão poucos degraus, mas mesmo assim, demorou tanto a subi-los. Os buracos nas escadas cresceram muito este ano, dois dos pilares que suportavam a minha pequena existência mudaram-se para outro mundo deixando os corrimões que lhes pertenciam soltos. Acabaram por cair. Já seria de esperar. No entanto, não me posso queixar relativamente à perda de outros, a minha foi apenas um grão de areia no deserto. Tive saudades, este ano, tive dores também, mas tudo acabou por se compor, claro que a perda  e a ausência é sempre sentida, mas quando relembrar aquilo que ganhei, ou o que já tinha e que se tornou ainda mais imponente e importante, tudo encaixa no sitio certo. De louvar:

  • Amizades reforçadas - a magia dos amigos e a sua companhia nas horas más, boas, enfim, a qualquer hora. Um brinde pelos sorrisos e pelos abraços em tempo de crise.
  • O amor - a dedicação e o esforço por um bem maior. Obrigada.
  • A minha mãe - nem há palavras para a descrição de tanto amor, dedicação e apoio.
  • Todos aqueles que me ajudam a levar a minha vontade avante e apoiam as minhas ideias para o futuro.
O pior ano da minha existência acabou por me revelar a força dos valores das pessoas que escolhi para me rodearem.

domingo, 11 de novembro de 2012

Os meus 23 anos dos teus 24.

Era uma vez duas meninas, mais diferentes não podiam ser, mas foi nessa diferença que cresceram e juntas enfrentaram todas as tempestades que apareceram no seu caminho. De pequeninas aprenderam a partilhar, a tolerar os diferentes feitios e a amar perdidamente uma amizade que está "condenada" a ser para o resto da vida simplesmente porque nas suas veias correm sangues feitos da mesma essência.
E a minha melhor amiga de todo o sempre faz anos.
Dos 23 anos passados a teu lado há-de haver sempre uma história que recorde mais que outra, um momento mais bonito e engraçado que outro, um mais triste ou um mais tocante. Há-de haver sempre fotografias ridículas, com fatos igualmente ridículos (mania estúpida de nos vestirem com roupas iguais...), comparações estúpidas entre os nossos feitios tão pouco semelhantes, e toda uma série de pormenores que nem sequer sabemos bem porque é que alguém se haveria de lembrar de pegar neles! Quero com isto tudo dizer que me és tão importante... A nossa amizade/amor/sangue vai sempre prevalecer sobre todas as coisas más, é em ti que o apoio é puro, em que nunca há qualquer tipo de "frete". O telemóvel vai ser sempre atendido, as mensagens respondidas, assim como os chamamentos e as partilhas. Obrigada por seres desde sempre quem recebe a primeira fatia do meu bolo de anos, e por nunca teres deixado que isso deixasse de ser assim :) Os meus 23 anos dos teus 24 têm sido os melhores que podia ter pedido!

Parabéns <3 p="">

Tânia.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Maravilhas

Quando nos dão maravilhas para as mãos ficamos maravilhados, sabias? Foi o que me aconteceu naquela noite quando me sentei naquela cadeira desajeitada e incómoda, lá naquela sala escura e velha e cheia de pó que me fez comichão no nariz... Assim que te vi sorri e logo depois ri-me porque foi estranho ver-te em palco. Foi o pensamento típico  "Oh Marta, sai daí!", e de repente, deixei de te ver. Vi uma menina pequena, com uns olhos grandes cheios de coisa para contar, e vi medo, e vi sofrimento, e vi rasgos de alegria e timidez, vi confusão e curiosidade. Vi-te a ti, e não eras tu e fiquei maravilhada. Sem te dares conta deste-me uma maravilha para as mãos, e eu vou guardar a maravilha bem no fundo do meu coração e vou-lhe meter uma etiqueta a dizer "Admiração". Foi uma maravilha! Venham mais, por favor, sempre com esses olhos cheios de coisas boas, cheios de esperança e amor, aquele que eu vejo sempre no fundo dos teus olhos. E com essas maravilhas que venham abracinhos, beijinhos e conversas de copo na mão. Gosto delas, tenho saudades delas.

De uma pessoa para outra Pessoa, uma chamada Marta.
Com muita admiração,uma valente salva de palmas,
Tânia.