quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Primeira.

Esta é a primeira, de muitas talvez não sei ainda. Mas agora tem de ser. É necessário, é quase obrigatório, fazê-lo, dizê-lo, escrevê-lo, agradecê-lo, honrá-lo, admirá-lo também. Não sei explicar como nem porquê, de onde veio ou sob que forma apareceu, sei apenas que chegou, parece-me, que para ficar. É estranho. Quase tão estranho como aquele Sol de Inverno que nos aquece até a alma, ou aquela brisa fresca, quase gelada, que nos arrefece a pele no Verão, chegando até a provocar arrepios; é um estranho delicioso.
Primeiro estranha-se, depois entranha-se, já dizia a minha avó. Não podia ter mais razão. Foi tal e qual o que aconteceu. Estranhei; foi quase como se me estivesse a ver ao espelho, irritou-me, foi quase como se me soubesse de mim, desde sempre. Também eu consegui ler, como se existissemos na mesma realidade desde sempre. Entranhou-se em mim; como as gotas da água da chuva entranham na terra, ou nas roupas dos traseuntes que caminham na rua distraídos. Foi estranho, tão estranho, mas agora é bom. Chega a ser delicioso. É como falar comigo mesma, com as partes más melhoradas e as boas modificadas; com palavras inaudiveis, com gestos quase imoveis. Sabe-me. Compreende-me. Aceita-me. Obrigada.

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