sexta-feira, 29 de junho de 2012

- Where are you Alice?

terça-feira, 19 de junho de 2012

Efemeridades

“Às vezes dá vontade de ser fumante. Acender um cigarro para ter nas mãos o objeto palpável do meu pensamento. Numa tragada preencher o corpo leve com a fumaça e invadir os pulmões com a miséria do mundo. Na outra esvaziar o peito de todas as dores e aproveitar o prazer de um breve momento”

Há tempos li isto. Não sei quem escreveu, nem com que intenção, mas explica com todas as palavras a razão do meu amor por um cigarro. Um. Só um. Nunca um a seguir ao outro. Um num jardim. Um à beira do meu rio Tejo. Um no meio do verde daquele sítio mágico onde me enchem de música. A efemeridade daquele cigarro que nos faz parar e pensar a cada trago, como se o fumo que sai em seguida na nossa expiração fossem a produção de uma qualquer conclusão a que chegámos. Quando retemos a nossa respiração e deixamos o fumo entrar por nós a dentro é como se não sentissemos mais as dores intelectuais que povoam o nosso pensamento e as emocionais que povoam o coração e nos permitissemos a nós mesmos deleitar-nos o que somos. É quase mágico, acorda-nos o pensamento, láva-nos as dores da alma. É breve e fugaz, como o primeiro beijo, mas poderoso e sentido como o último, aquele da despedida.