domingo, 26 de maio de 2013

Amor és tu!

Antes de te conhecer, não sabia que o amor podia ser de mais cores além do cor-de-rosa dos filmes e das histórias encantadas que lia. Não sabia que o amor não tinha hora para chegar e que era possível alguém apaixonar-se todos os dias pelas mesmas coisas, ou por coisas novas, mas sempre pela mesma pessoa. Não sabia que o amor acontecia em qualquer lugar, apesar de ter já visto o magano a espreitar nos sítios mais deslocados e inesperados. Já sabia o que era o amor, sim, mas não sabia que o conseguia sentir dia após dia, desde o primeiro até ao de hoje. Não sabia que o conseguia sentir já amanhã. Não sabia que conseguia reviver as sensações do ontem, dos momentos efémeros passados num passado ainda próximo, mas que se afasta cada vez mais. Antes de me apaixonar por ti, não conhecia o desespero. Não conhecia a sensação da sede. Tentar beber água e ela, desesperadamente, fugir-me por entre os dedos. Também não sabia o delicioso que é sentir o desespero e matá-lo, de seguida. Momentos de angústia, consolados num abraço apertado tendo a paisagem predileta dos dois como fundo. A cumplicidade e a união, tão estreitas!
Antes de te conhecer, não sabia que o amor podia ser tudo e nada ao mesmo tempo. Ser espontâneo, e inesperado, e o inesperado acontece em qualquer lugar. Não se idealiza, planeia, não se arruma a casa e põe flores na jarra. O amor é eu estar aqui, tu aí e mesmo assim estarmos os dois no mesmo lugar, à mesma hora, a todos os momentos. Não sabia que era assim, mas agora sei. Existimos os dois no mesmo sitio e em sítios diferentes sem qualquer esforço. Temos história em nós, temos memórias e fotografias, recordações escritas, vistas ou faladas prontas a saírem de nós, e em todas elas tu e eu somos nós. Não sabia que podíamos ser um só. Somos.  Quando estamos juntos somos tudo o que queremos ser e não podemos, e somos isso tudo sempre, já que estamos sempre juntos, mesmo estando longe.

O amor és tu, P.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Nostalgia

Liguei o rádio, deixei a música invadir-me até ao fundo de mim, senti as vibrações do som nas pontas dos dedos da mão que estava pousada na estante. Deixei que o baú das memórias se abrisse, e quando dei por mim as lágrimas escorriam pela minha cara a baixo. A sensibilidade do coração magoado e amachucado, como se fosse uma folha de papel, é maior do que a de qualquer outro órgão  O amor que nutro pelos outros pedaços de mim não chega para amainar a dor que às vezes me ataca. É a falta, o vazio a necessidade que não é colmatada com o que precisa, é a saudade. A saudade é a palavra que melhor define o que sinto. É um sentimento nostálgico, com sentimentos que recordo e sei que não vou voltar a sentir, com mimos que não vão ser mortos e desejos que não vão ser concedidos. É um egoísmo, eu sei. Havia dor e desespero, e foi melhor assim. Mas a saudade é um bem que trazemos sempre conosco, pertence-nos e nasce da ausência, da distância e do conhecimento. É triste quando acordamos num dia menos bom, mas é bonita quando acordamos num dia melhor, faz-nos relembrar as coisas boas que aprendemos das vivências que tivemos com algum, num dado momento.