quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

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Nos primeiros dias não vais sequer acreditar no que está a acontecer, vais dizer a ti mesma que é mentira e que é impossivel. Mas não. Ao terceiro dia, vai cair a ficha, e vai doer tanto que até respirar vai custar. Não vais conseguir falar sequer, o único sou audivel será o som das lágrimas a brotarem dos olhos sem pedir licença. E vai ser assim até adormeceres de exaustão. Nessa noite vais dormir, vais acordar mais descansada, e vais pensar que já passou. Mas não. Assim que vires uma imagem, ouvires um som ou cheirares um qq aroma que te lembre da fatalidade, as lágrimas vão cair de novo e aquela falta de ar horripilante vai voltar; como já não é a primeira vez que acontece vais conseguir controlar-te, vais levantar-te do sitio onde caiste e regressar à tua vida nesse dia. Sais de casa e distrais-te com aquelas coisas mundanas de sempre. Dia após dia. Num desses dias vais revisitar os sitios, rever as imagens e tentar ouvir as músicas. A primeira vez vai ser insuportavel, nem sequer vais conseguir ouvir a música até ao fim. Na segunda vez ouves, mas com aquela falta de ar desgraçada. Na terceira vez ouves a música até ao fim, até cantas o refrão, nesse dia adormeces sem ensopar a almofada, de manhã acordas e não ligas à falta de ar e o aperto no estomago é apenas um beliscão. Perguntam-te" Não te dói?" e pensas: "Engraçado, já nem sei se dói ou não.", nesse dia, minha cara vais perceber que estás de tal modo habituada à dor que nem dás por ela, e a dor só fica quando sabe que tem importância, como a perdeu faz as malas e vai-se embora. Estás curada! Quantos dias são? Depende, tu só ainda vais no quinto, e a minha, bem a minha já nem sequer me lembro quando foi que ela se foi embora.

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