domingo, 6 de novembro de 2011

Incapacidades

Hoje vou fingir que não te conheço. Vou dar a volta, descer a rua e meter-me no primeiro jardim que encontrar, nem que para isso tenha de andar quilómetros. Hoje vou fingir que não te sinto em mim. Refugiar-me num banco de madeira, debaixo de uma árvore e respirar ar puro. Hoje vou fingir que não estás na minha pele. Agarrar num papel e numa caneta e desenhar os meus sentimentos. Hoje vou fingir que és só um sonho. Vou fechar os olhos e relembrar os momentos onde não estás presente. Hoje, no banco de jardim onde me vou sentar, vou escrever uma história nova, para substituir a velha, vou começá-la e acabá-la, guardar as canetas na mala e vou andar até casa. Vou andar ao som de música que não me lembre de ti. Hoje vou fechar os olhos e deixar-me dormir enquanto finjo que algum dia vou conseguir esquecer que te conheço, que te sinto na minha pele, que és o sonho vivido, que estás sempre presente, em todas as memórias, e que toda e qualquer melodia me lembra o teu sorriso e o teu gargalhar; que existes em mim, como o a Julieta existia no Romeu. Era mais fácil, se não existisses...

Sem comentários:

Enviar um comentário