segunda-feira, 1 de novembro de 2010

É amor.

Quando nos sentamos lado a lado e fecho os olhos sinto-me viajar para outro mundo, para o meu. Tu vens comigo. Não precisamos de dizer nada, limitamo-nos a ouvir. Ligo o rádio. Canto. Ris-te. Abres a janela, vais fumar o teu tão precioso cigarro. Ficamos a ver o vento fazer voar as folhas e os desenhos que o fumo deixa no ar. Parecem fantasmas. Se calhar são. Somos semelhantes, tanto. Nem nunca me tinha dado conta do quanto eramos até há bem pouco tempo, quando travámos a nossa primeira batalha. Em vez de lutarmos juntas lutámos uma contra a outra. Durou exactamente 27 minutos. Depois disso, foi o de sempre. Desfizemos a muralha que nos rodeia e depois fechámo-nos em nós de novo, a diferença é que agora temos um tunel subterrâneo directamente ligado ao coração. É amor, sabias?
...
Quando nos metemos no metro para ir andar por Lisboa fora nunca sabemos bem para onde vamos. Estamos os dois à espera que o outro decida, o que acontece, eventualmente. Subimos e descemos ruas, compramos castanhas, bebemos chocolates quentes ou cenas de café com cenas estranhas, vemos montras e pessoas. Enquanto fazemos tudo isso conversamos. Eu pergunto, tu respondes. Eu ralho e tu ouves. Ouves mesmo, mesmo quando eu penso que não me estás a ouvir, tu ouves. Deves ser das únicas pessoas que o faz. Às vezes zangamo-nos, somos teimosos, é normal. Mas acabamos sempre com um abraço. Eu tomo conta de ti, e tu proteges-me dos maus. Vamos embora, tu deixas-me ficar na cadeira de baloiço, ouvimos música, jogamos. É a minha casa preferida, e tu deixas-me sempre entrar. Também é amor, sabias?

3 comentários: