sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Árvores Com Livros Nos Ramos

Ela tinha acabado de se sentar no baloiço, tinha folhas de papel brancas sobre as pernas, um lápis na mão. Ele chegou e sentou-se aos pés dela, em silêncio. Sorriram um ao outro. Continuaram em silêncio. Ela disse-lhe que ia desenhar o mar, e começou a fazer ondas, com um lápis de cor azul. Ele continuava imovél, a observá-la. E ela continuava, fazia ondas de vários azuis, nalgumas partes misturava-os com verde. Ele levantou-se, rodeou-a em silêncio: queria ver o desenho de cima. Às tantas disse:
-Estás a desenhar mal...
Ela pousou o lápis, virou-se e olhou-o bem no fundo daquele sorriso. Perguntou-lhe porquê, ele respondeu:
-O horizonte não é aí, e não tem árvores com livros nos ramos!
-Rapaz, no meu mundo as coisas são como eu quero que sejam. O meu horizonte sou eu que o desenho, sou eu que o faço... Não me digas o que está certo e o que está errado, não me pessas para ser diferente do que sou, não precisas sequer de me compreender. Senta-te, só. Observa e sorri comigo. Para mim basta, que ai estejas...

Sem comentários:

Enviar um comentário