terça-feira, 26 de outubro de 2010

Voar

Acordei ainda de noite para mais um dia. Foi uma noite agitada, entre sonhos e pesadelos pouco foi o tempo dedicado ao sono. Lembrei-me das noites em que dormi descansada, partilhando a minha almofada, os meus cobertores e o sono, que sempre foi só meu. Não foram muitas, mas já foram algumas. Acho que esta lembrança foi a unica coisa nitida nesta manhã, de resto é tudo turvo e desarticulado. Nem sequer consigo pensar. São mil as palavras que me passam pela cabeça, sem ordem certa ou sentido algum. São mil, as palavras soltas que me viajam pelo pensamento. Tento ordená-las, pensar nelas e formar frases. Acabam nas pontas dos meus dedos, que batem nas teclas desordenadamente, continuam sem fazer sentido... Não há grande coisa que faça sentido neste momento, pelo menos não aqui, no sitio onde estou, mas não me importo. Acendo uma luz, para ver melhor, para pensar melhor, não adianta, o candeeiro não faz qualquer diferença. Olho pela janela e vejo um pássaro voar lá fora, atravessa o céu, vem pousar numa arvore. Desejei que, por alguma arte mágica, me nascessem asas. Duas grandes asas, para poder ir com ele ver o o mundo e depois escrever um livro sobre o mundo que vi. Deixei-me estar, a ver o vento fazer abanar as árvores, sentada no meu cadeirão, perto da janela. Não dei pelo tempo passar, só quando a música parou de tocar no rádio é que acordei do quase-transe onde me tinha deixado cair. Acordei para mais um dia, mais um em direcção ao meu destino, àquele que eu decidi escrever, mesmo que as palavras não façam sentido umas ao pé das outras, estão lá todas aquelas que quero que estejam. Todas, numa lista interminavel de sitios a visitar, pessoas a amar e desejos para partilhar. Hoje vou à praia, ver o mar, e dizer-lhe que aprendi a voar, como o passarinho que rasgou os céus à pouco, por entre as nuvens e veio pousar numa árvore.



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