segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu

Sou a Alice, a do País das Maravilhas. Bem, não sou mesmo a da história, mas sou uma que tem um mundo que tal. Um mundo daqueles onde tudo é mágico e estranhamente possível, as árvores falam e os gatos também. Sou como aquela que tem um mundo só dela. Tenho um mundo só meu. Houve tempos em que quis ser a Bela Adormecida, para ser acordada com um beijo para um mundo cor-de-rosa. Hoje sei que isso não seria possível, aliás, seria totalmente incompativel com a minha realidade. Sou a Alice, como aquela que sonha acorda para um mundo real. Para aquele mundo onde as árvores servem só para nos dar sombra e onde não se consegue encher uma piscina de lágrimas, por muito que elas nos escorram pela cara. Sou a Alice, sou real, sinto o bom e o mau, tem dias que na pele. Aquela que sonha acordada com um mundo que é só dela, e que quando acorda do sonho a única coisa que quer é adormecer de novo, ou pelo menos ir a correr para debaixo daquela árvore grande que mora lá no mundo dela. É que este mundo, este que é real, fere.

domingo, 28 de novembro de 2010

Oscar Wilde

Também não preciso que me compreendam, só que me amem.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Back to Black

A chuva cai lá fora, consigo ouvir o som das gotas a pingarem dos beirais. Aqui dentro só o som daquela voz carismática que me enche o espirito, aquela que canta as minhas palavras. São minhas, não porque as tenhas escrito, mas porque me assentam que nem uma luva. Está quente e confortável. Acolhedor. Na mesinha um bloco e uma caneta. Vestigios dos meus sentimentos traduzidos em palavras. Não são bonitas, não são coloridas, voltámos ao cinzento. Voltámos ao imóvel. Estou parada no mesmo sitio, nem sequer me consigo mexer daqui. Não me perguntem porquê, não quero dizê-lo, para não senti-lo... Queria contar uma história. Queria escrever o amor. Não posso, só tenho uma caneta preta, o amor não se escreve a preto. Mas não faz mal, fica para outro dia. Eu sei que tenho guardado, algures, uma caixa de lápis de cor. Vou-me entreter a pintar o mundo de novo. E quando o céu voltar a ser azul e o Sol amarelo-quase-cor-de-laranja, volto e conto a história que queria contar. Concerteza que será diferente. Até lá deixo-me ficar aqui, enrolada nos lençóis, com a minha música, e com a caneca de chocolate quente fumegante que tenho a meu lado. Está quase na hora, de levantar. O Sol não tarda aí.

domingo, 21 de novembro de 2010

Felicidades

Felicidades:
























No meu computador tenho uma pasta de imagens chamada "Felicidades".
Nela moram recordações, imagens de momentos que não quero esquecer, de sorrisos e alegrias. De coisas importantes que às vezes me esqueço de recordar e coisas banais que me assaltam a memória constantemente. São as minhas felicidades. Aqueles momentos que me lembram que, mesmo que o Sol se ponha ao fim do dia e que a noite seja escura e longa, se levanta sempre na manhã seguinte. Estas imagens captadas pela lente de uma qualquer máquina servem para me lembrar que, afinal, sou feliz.


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

B.

- Disse-lhe: "Não quiseste ouvir, viraste costas e começaste a andar. Chamei-te, vezes e vezes sem conta. Gritei até ficar sem ar, até ficar sem voz. Nada. Nem para trás olhaste, nem uma vez sequer... Foi nesse dia que percebi que não queria ser amado por metade. Ou me amavas por completo, ou não me amavas de todo. Não queria ser um remendo, não queria ser uma sombra, um reflexo do que ele foi um dia. Eu queria ser eu! Com o meu sorriso! Com as minhas gargalhadas! "
- Tu não lhe disseste isso, nem nunca vais dizer. Vais acabar por ser uma sombra porque não dizes o que pensas e te escondes a cada susto que levas. Não lhe disseste isso, pois não?
-Não...
-Nunca vais ser feliz assim, enquanto o silêncio te magoar. Fala! Grita!
-Não sei fazer isso...
-Eu ensino-te!
Ainda é para isto que sirvo, sabias B.?...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

(re)voltar

Hoje morreu um amor, mas não faz mal, outros nascerão.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Não ser.

"...fomos feitos de algo mais, que não tem forma nem razão."

Há dias em que temos de largar as roupas usadas um dia, que cheiram a nós e a mais alguém. Esquecer por momentos os sabores que nos deliciaram a boca, as imagens que ficaram gravadas em nós, as caricias e as dores sentidas na pele.
Há dias em que temos que sair da estrada, daquela que nos leva aos sitios de sempre, e procurar caminhos de terra, por entre as árvores e as ervas. Fazer pegadas novas, que acabarão por ser apagadas pelo vento ou pela chuva, mas que por momentos existiram para ser diferentes.
Há dias em que temos que esquecer quem somos, o que somos e quem queremos ser. Em que temos que meter de parte os desejos, as demandas e as dúvidas.
Há dias em que temos que deixar o tudo, e ser simplesmente nada. Para descansar a alma e o corpo do frenesim que é sentir, pensar ou viver.
Há dias em que é melhor deixar para depois; dizer depois; fazer depois; sentir depois.
Há dias em que é mesmo o melhor, não ser.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Há dias fáceis, mas há dias em que tropeço nas minhas memórias e as coisas complicam-se...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

É amor.

Quando nos sentamos lado a lado e fecho os olhos sinto-me viajar para outro mundo, para o meu. Tu vens comigo. Não precisamos de dizer nada, limitamo-nos a ouvir. Ligo o rádio. Canto. Ris-te. Abres a janela, vais fumar o teu tão precioso cigarro. Ficamos a ver o vento fazer voar as folhas e os desenhos que o fumo deixa no ar. Parecem fantasmas. Se calhar são. Somos semelhantes, tanto. Nem nunca me tinha dado conta do quanto eramos até há bem pouco tempo, quando travámos a nossa primeira batalha. Em vez de lutarmos juntas lutámos uma contra a outra. Durou exactamente 27 minutos. Depois disso, foi o de sempre. Desfizemos a muralha que nos rodeia e depois fechámo-nos em nós de novo, a diferença é que agora temos um tunel subterrâneo directamente ligado ao coração. É amor, sabias?
...
Quando nos metemos no metro para ir andar por Lisboa fora nunca sabemos bem para onde vamos. Estamos os dois à espera que o outro decida, o que acontece, eventualmente. Subimos e descemos ruas, compramos castanhas, bebemos chocolates quentes ou cenas de café com cenas estranhas, vemos montras e pessoas. Enquanto fazemos tudo isso conversamos. Eu pergunto, tu respondes. Eu ralho e tu ouves. Ouves mesmo, mesmo quando eu penso que não me estás a ouvir, tu ouves. Deves ser das únicas pessoas que o faz. Às vezes zangamo-nos, somos teimosos, é normal. Mas acabamos sempre com um abraço. Eu tomo conta de ti, e tu proteges-me dos maus. Vamos embora, tu deixas-me ficar na cadeira de baloiço, ouvimos música, jogamos. É a minha casa preferida, e tu deixas-me sempre entrar. Também é amor, sabias?