domingo, 12 de setembro de 2010

Minha Querida Lisboa




Minha querida Lisboa,


Hoje vi o Sol chegar sentada mesmo no teu coração. Mais uma noite, uma daquelas em que as nuvens fogem do céu para deixar as estrelas espreitarem as pessoas que sorriem, cantam, e dançam ao som das músicas e dos barulhos que enchem as tuas ruas. Ainda choveu um bocadinho, uns chuviscos daqueles que não molham ninguém, mas que deixam as tuas ruas escorregadias... Sei bem como escorregam, eu cai nelas... Cai e deixei-me ficar sentada, a ouvir o rio e as suas ondas a chegar à margem, os carros a passar na estrada, os passos das pessoas que, apressadas, andam até chegarem onde devem ou querem ir. Também queria ir Lisboa. Queria ir, atravessar a multidão e chegar ao pedaço de mim que fugiu num avião. Ia e voltava, no mesmo dia, porque também não quero estar longe de ti. Enquanto me deixei estar, a ouvir o rio Tejo falar comigo numa língua indecifrável, pensei em mil coisas. Uma delas foi em como tu és um ser humano. Vá, és como um ser humano. Nasceste, foste crescendo, expandindo e alargando os teus horizontes. Foste vivida e corrompida pelas adversidades do tempo, pelas pessoas. És real, degradas-te aos poucos, sem deixar que isso te afecte a beleza e guardando toda a tua essência e todas as tuas histórias, escondendo-as nas fachadas dos prédios velhos e degradados... Tal e qual como um ser humano, que esconde as suas memórias por trás da sua pele velhinha e enrugada do fim da vida. És tão real. A diferença é que tu nunca vais morrer Lisboa. As pessoas que te vivem encarregam-se disso, renovam-te as fachadas, descrevem-te nas suas histórias... Eu sou uma delas Lisboa, porque és o pano de fundo da minha história preferida, aquela história onde eu sou uma princesa à espera do principe encantado...

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