Liguei o rádio, deixei a música invadir-me até ao fundo de mim, senti as vibrações do som nas pontas dos dedos da mão que estava pousada na estante. Deixei que o baú das memórias se abrisse, e quando dei por mim as lágrimas escorriam pela minha cara a baixo. A sensibilidade do coração magoado e amachucado, como se fosse uma folha de papel, é maior do que a de qualquer outro órgão O amor que nutro pelos outros pedaços de mim não chega para amainar a dor que às vezes me ataca. É a falta, o vazio a necessidade que não é colmatada com o que precisa, é a saudade. A saudade é a palavra que melhor define o que sinto. É um sentimento nostálgico, com sentimentos que recordo e sei que não vou voltar a sentir, com mimos que não vão ser mortos e desejos que não vão ser concedidos. É um egoísmo, eu sei. Havia dor e desespero, e foi melhor assim. Mas a saudade é um bem que trazemos sempre conosco, pertence-nos e nasce da ausência, da distância e do conhecimento. É triste quando acordamos num dia menos bom, mas é bonita quando acordamos num dia melhor, faz-nos relembrar as coisas boas que aprendemos das vivências que tivemos com algum, num dado momento.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
domingo, 24 de março de 2013
Amor
Aqui li há dias um texto que chamava a atenção dos demais para o facto de, no amor, darmos apenas importância às coisas extravagantes e aos feitos grandiosos, pequenos prazeres aproveitados a dois, que no entanto, são visíveis por todos, fizeram-se para serem visto pelos espectadores desconhecidos que passam por nós ou que existem nos mesmos sítios que nós. E então as pequenas coisas? Aquelas pequenininhas, os pormenores, que para mim são a base de qualquer amor, aqueles que são tão pequeninos que nem sequer damos contas deles, e no entanto, eles estão lá, todos os dias, acompanham-nos a todos os minutos passados a dois. Pequenas coisas como um: "Bom dia.", "Dormiste bem?", "Já tomaste o comprimido?", "Já comeste?", "Fiz-te café.", "Comprei-te o jornal, sabia que o ias querer ler.", "Olha, pedi-te uma amêndoa amarga, achei que querias.", "Fizeste boa viagem?", "Vá lá, coça lá o nariz.", "Podes pedir salgadas, sei que gostas mais assim.", "Não comas porcarias.","Sai daí que ainda cais."... Estas pequenas coisas, que podem até ser quase maternais, são as que mais me deliciam. O facto de alguém, que não é um dos nossos pais, saber que só bebo água à refeição, que gosto da pizza com azeitonas, que me traz as coisas sem eu ainda as ter mencionado porque sabe que as vou querer, que abdica dos sabores que mais gosta em detrimento da minha preferência, que me deixa o resto do queijo derretido da tosta só porque eu gosto, que me dá almofada para eu ficar mais confortável é, para mim, a maior demonstração de amor que existe. Faz-se e dá-se com o coração, sem esperar receber em troca, nas mais pequenas coisas que se partilham todos os dias, sem termos noção disso mesmo. O amor é isso mesmo: a dádiva, a partilha, a atenção, a dedicação. O amor está nas coisas corriqueiras do dia-a-dia, sem nos apercebermos que se não as tivessemos não eramos tão completos, tão felizes. São os cafés numa qualquer esplanada e os pés enroscados uns nos outros. É o bom dia com o sorriso na cara e o "dá cá que eu levo que isso deve estar pesado...". São as pequenas coisas. Essas sim, deviam ser vanglorizadas, aclamadas e cantadas, todos os dias.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Retrospectiva
Vendo o ano aqui do cimo das escadas, só me posso dar por contente por ter conseguido subir os degraus todos. Eram tão poucos degraus, mas mesmo assim, demorou tanto a subi-los. Os buracos nas escadas cresceram muito este ano, dois dos pilares que suportavam a minha pequena existência mudaram-se para outro mundo deixando os corrimões que lhes pertenciam soltos. Acabaram por cair. Já seria de esperar. No entanto, não me posso queixar relativamente à perda de outros, a minha foi apenas um grão de areia no deserto. Tive saudades, este ano, tive dores também, mas tudo acabou por se compor, claro que a perda e a ausência é sempre sentida, mas quando relembrar aquilo que ganhei, ou o que já tinha e que se tornou ainda mais imponente e importante, tudo encaixa no sitio certo. De louvar:
- Amizades reforçadas - a magia dos amigos e a sua companhia nas horas más, boas, enfim, a qualquer hora. Um brinde pelos sorrisos e pelos abraços em tempo de crise.
- O amor - a dedicação e o esforço por um bem maior. Obrigada.
- A minha mãe - nem há palavras para a descrição de tanto amor, dedicação e apoio.
- Todos aqueles que me ajudam a levar a minha vontade avante e apoiam as minhas ideias para o futuro.
domingo, 11 de novembro de 2012
Os meus 23 anos dos teus 24.
Era uma vez duas meninas, mais diferentes não podiam ser, mas foi nessa diferença que cresceram e juntas enfrentaram todas as tempestades que apareceram no seu caminho. De pequeninas aprenderam a partilhar, a tolerar os diferentes feitios e a amar perdidamente uma amizade que está "condenada" a ser para o resto da vida simplesmente porque nas suas veias correm sangues feitos da mesma essência.
E a minha melhor amiga de todo o sempre faz anos.
Dos 23 anos passados a teu lado há-de haver sempre uma história que recorde mais que outra, um momento mais bonito e engraçado que outro, um mais triste ou um mais tocante. Há-de haver sempre fotografias ridículas, com fatos igualmente ridículos (mania estúpida de nos vestirem com roupas iguais...), comparações estúpidas entre os nossos feitios tão pouco semelhantes, e toda uma série de pormenores que nem sequer sabemos bem porque é que alguém se haveria de lembrar de pegar neles! Quero com isto tudo dizer que me és tão importante... A nossa amizade/amor/sangue vai sempre prevalecer sobre todas as coisas más, é em ti que o apoio é puro, em que nunca há qualquer tipo de "frete". O telemóvel vai ser sempre atendido, as mensagens respondidas, assim como os chamamentos e as partilhas. Obrigada por seres desde sempre quem recebe a primeira fatia do meu bolo de anos, e por nunca teres deixado que isso deixasse de ser assim :) Os meus 23 anos dos teus 24 têm sido os melhores que podia ter pedido!
Parabéns <3 p="">
Tânia.
3>quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Maravilhas
Quando nos dão maravilhas para as mãos ficamos maravilhados, sabias? Foi o que me aconteceu naquela noite quando me sentei naquela cadeira desajeitada e incómoda, lá naquela sala escura e velha e cheia de pó que me fez comichão no nariz... Assim que te vi sorri e logo depois ri-me porque foi estranho ver-te em palco. Foi o pensamento típico "Oh Marta, sai daí!", e de repente, deixei de te ver. Vi uma menina pequena, com uns olhos grandes cheios de coisa para contar, e vi medo, e vi sofrimento, e vi rasgos de alegria e timidez, vi confusão e curiosidade. Vi-te a ti, e não eras tu e fiquei maravilhada. Sem te dares conta deste-me uma maravilha para as mãos, e eu vou guardar a maravilha bem no fundo do meu coração e vou-lhe meter uma etiqueta a dizer "Admiração". Foi uma maravilha! Venham mais, por favor, sempre com esses olhos cheios de coisas boas, cheios de esperança e amor, aquele que eu vejo sempre no fundo dos teus olhos. E com essas maravilhas que venham abracinhos, beijinhos e conversas de copo na mão. Gosto delas, tenho saudades delas.
De uma pessoa para outra Pessoa, uma chamada Marta.
Com muita admiração,uma valente salva de palmas,
De uma pessoa para outra Pessoa, uma chamada Marta.
Com muita admiração,uma valente salva de palmas,
Tânia.
sábado, 20 de outubro de 2012
Fall
Chegou o Outono. Não sei se sabiam mas é a época das quedas. Caiem as folhas, cai o pó, caiem as pessoas porque escorregam nas poças de água... Caí eu, pelo caminho. Caí de cansaço. Todo um problema para me levantar, enfim....
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Minha Querida Lisboa
Minha querida Lisboa,
Nem sabes como estou feliz que sejas eterna! Vejo-te cair de um lado e levantar do outro. Vejo-te sempre, sei que estarás sempre no mesmo sítio, mesmo que eu não esteja, tu estás, estarás sempre. Ao contrário dela Lisboa... Ninguém em disse que ia custar tanto, ninguém me disse que ia doer assim, ninguém me disse que teria medo e que seria irracional, mesmo que por breves momentos. Já viste morrer tanta gente. Gentes que nasceram e mais tarde morreram em ti, gentes que chegaram e dedicaram as suas vidas a ti, não nasceram. mas morreram nas tuas ruas. Como é que lidas com a morte? Já é normal, não é? Acabas por te habituar, não é? Eu ainda não consegui, Lisboa, habituar-me. Primeiro arrancaram-me uma partezinha, como se me tivesse caído um raminho, mas foi só uma parte pequenina, agora não. Agora arrancaram-me uma pernada inteira, quase que foi o braço atrás. Ninguém me disse que ia ser assim Lisboa, já tinha imaginado, mas nunca pensei que fosse assim. Dói um bocado!
Avó T.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
23
Quando te dás conta, cresceste...
"Estás a ficar velha, estás bonita."
... Atiraste-te ao rio da vida de cabeça, agarraste em todas as oportunidades que te apareceram à frente e tentas ter valor e fazer com que todas elas dêem fruto. Não tiveste medo de arriscar e foste em busca daquilo que querias. Como nunca foste muito boa a saltar por cima das coisas, deste-lhes a volta, fazendo o teu caminho por onde quiseste ir. Contra tudo, todos e até ti própria! Foste tu!
Obrigada mãe! Obrigada Lisboa! Obrigada teimosia! Obrigada persistência!
"Estás a ficar velha, estás bonita."
... Atiraste-te ao rio da vida de cabeça, agarraste em todas as oportunidades que te apareceram à frente e tentas ter valor e fazer com que todas elas dêem fruto. Não tiveste medo de arriscar e foste em busca daquilo que querias. Como nunca foste muito boa a saltar por cima das coisas, deste-lhes a volta, fazendo o teu caminho por onde quiseste ir. Contra tudo, todos e até ti própria! Foste tu!
Obrigada mãe! Obrigada Lisboa! Obrigada teimosia! Obrigada persistência!
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Dá-me música
A efemeridade não desapareceu, mas a recordação ficou para sempre. A memória do sentimento sentido no peito quando fugimos em direcção ao que mais nos enche a alma quando existimos os dois, juntos, lado a lado, respirando o mesmo ar, ouvindo a mesma música que teima em gritar-nos, mesmo quando chega o silêncio. Memórias captadas pelos nossos olhos, quais fotografias guardadas num album! Às vezes chego até a pensar que enlouqueci e ando por estas ruas a sonhar acordada. Os dias têm sido de tal forma preenchidos com amor e cumplicidade que chego a pensar que vou explodir de paixão. É nesses momentos que dou por mima pensar senão ando a imaginar coisa. Pois bem, se andar, espero continuar a imaginar-te de mãos dadas comigo durante muito tempo. Estou até tentada a pedir para sempre... Mas falemos da música! Sim, a música que voltámos a ouvir até no silêncio. Aquela que nos deu o empurrãozinho que nos faltava. Falemos da forma como a música nos entra pelos poros da pele e nos preenche cada centímetro de pele e cada pedacinho da alma. A música, sempre acompanhada de uma brisa suave e de um cigarro, à janela de preferência, ou sentados no chão de um recinto, ou talvez na entrada da tenda que nos alberga, que nos vem relembrar que o amor existe, que nos vem ligar ainda mais um ao outro, servindo de banda sonora ao filme da nossa vida. Seremos eternos nas nossas recordações, eu sei que seremos. O filme que passa naquela tela branca dos salões do meu mundo também já passa na tua tela branca, eu sei que sim, consigo vê-lo pelos teus olhos castanhos, lindos. As janelas da entrada da tua alma. Consigo ver tão bem através deles. E enquanto me perco nas imagenes que vejo, deixo que a música, a tua, acho que um pouco nossa, me envolva e me faça voar. Não pares, por favor. Não deixes que ela se cale. Não permitas que o silêncio caia no vazio e que, com ele, nós nos calemos também. Por favor, não pares de me dar música.
P.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
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