sábado, 4 de fevereiro de 2012

Assobia

A carga emotiva que aquele tom de voz transportava fazia com que os seus olhos se enchessem de lágrimas. Emocionava-se com aquele som que parecia invádi-la até aos confins do seu próprio corpo, da sua própria alma, como se não houvesse mais nada à sua volta, como se nada mais tivesse importância. Naquele momento, a sua atenção era só e apenas para o som daquela voz tão imponente, mas tão familiar. O som do passado, o tom de voz das recordações mais queridas, mesmo que nunca se tivesse dado conta de que o fossem... Outra vez o som, um assobio! Aquele som, aquela melodia tão conhecida. Levanta-se a correr e abre a porta, lá vai ela escada acima, seguindo o som. Quando entra na sala vê o rosto da voz, tão mais novo do que ela se lembrava, quase que se esquece que ele não está cá, que já não vive aqui. Sorri, lembra-se do dia emq ue filmaram aquelas imagens: "Vai devagar, Taninha!", "Sim avô.", mas não foi. Foi tão depressa que caiu e magoou um joelho, nada de importante, mas ainda tem a marca, é uma marca velha já. Esta é muito mais recente, ainda nem um ano tem.

"Diz adeus para a câmara!"

Eu respondo-te do lado de cá:
Olá avô, tenho saudades tuas.

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