domingo, 24 de março de 2013

Amor

Aqui li há dias um texto que chamava a atenção dos demais para o facto de, no amor, darmos apenas importância às coisas extravagantes e aos feitos grandiosos, pequenos prazeres aproveitados a dois, que no entanto, são visíveis por todos, fizeram-se para serem visto pelos espectadores desconhecidos que passam por nós ou que existem nos mesmos sítios que nós. E então as pequenas coisas? Aquelas pequenininhas, os pormenores, que para mim são a base de qualquer amor, aqueles que são tão pequeninos que nem sequer damos contas deles, e no entanto, eles estão lá, todos os dias, acompanham-nos a todos os minutos passados a dois. Pequenas coisas como um: "Bom dia.", "Dormiste bem?", "Já tomaste o comprimido?", "Já comeste?", "Fiz-te café.", "Comprei-te o jornal, sabia que o ias querer ler.", "Olha, pedi-te uma amêndoa amarga, achei que querias.", "Fizeste boa viagem?", "Vá lá, coça lá o nariz.", "Podes pedir salgadas, sei que gostas mais assim.", "Não comas porcarias.","Sai daí que ainda cais."... Estas pequenas coisas, que podem até ser quase maternais, são as que mais me deliciam. O facto de alguém, que não é um dos nossos pais, saber que só bebo água à refeição, que gosto da pizza com azeitonas, que me traz as coisas sem eu ainda as ter mencionado porque sabe que as vou querer, que abdica dos sabores que mais gosta em detrimento da minha preferência, que me deixa o resto do queijo derretido da tosta só porque eu gosto, que me dá almofada para eu ficar mais confortável  é, para mim, a maior demonstração de amor que existe. Faz-se e dá-se com o coração, sem esperar receber em troca, nas mais pequenas coisas que se partilham todos os dias, sem termos noção disso mesmo. O amor é isso mesmo: a dádiva, a partilha, a atenção, a dedicação. O amor está nas coisas corriqueiras do dia-a-dia, sem nos apercebermos que se não as tivessemos não eramos tão completos, tão felizes. São os cafés numa qualquer esplanada e os pés enroscados uns nos outros. É o bom dia com o sorriso na cara e o "dá cá que eu levo que isso deve estar pesado...". São as pequenas coisas. Essas sim, deviam ser vanglorizadas, aclamadas e cantadas, todos os dias.