segunda-feira, 23 de maio de 2011

Andar

Voltaram costas um ao outro a seguiram em frente. Andaram até serem apenas dois pontos indistintos no horizonte e nenhum deles olhou para trás uma vez sequer. Medo, é o meu palpite. Medo de olhar para trás e desistir de andar. Medo de se acomodarem e esquecerem de novo a essência de que são feitos, de se deixarem ficar caídos naquele marasmo que, apesar de desesperante, era confortável. Então caminharam, os dois, juntos, mesmo que fossem em direcções opostas, pois ambos sabiam que se andassem sempre em frente, vissem tudo o que havia para ver, haviam de chegar ao ponto de onde partiram. Quando dessem a volta ao mundo voltariam a encontrar-se a acomodar-se um no outro. Foram, com medo dos obstáculos, das saudades, do novo e do diferente. Foram já faz um tempo, e eu continuo aqui sentada à espera de os ver chegar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Colada ao Chão.

De olhos abertos vejo-te em todo o lado, de olhos fechados é o teu aroma tão caracteristico que me invade os sentidos, ou talvez seja apenas a recordação desse cheiro. Queria um abraço à chuva, para recordar os tempos em que a paixão nos queimava a pele e fazia as gotas da água evaporar.




Hoje é ódio.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Calou-se

O silêncio é gritante, a música emudeceu, o som é o do nada.

domingo, 1 de maio de 2011

O teu espelho é um velho amigo meu.

O teu espelho é um velho amigo meu. Olhei-o e ele sorriu-me, como se os anos que estivemos longe não passassem de um minuto apenas. Havia vestígios nossos por toda a parte.

Ainda me lembro da última manhã em que sorri para ele e ele me sorriu de volta. Já lá vão uns anos... Ontem quando entrei em tua casa e o vi lembrei-de de tudo o que fomos, e ainda somos, capazes juntos. Lembrei-me das conversas, dos sorrisos e dos suspiros. Lembrei-me das brincadeiras e das brigas. Lembrei-me das dores que eram quase físicas. Lembrei-me do tudo que foste, desde o primeiro dia e ainda és, passado todo este tempo.

Tenho saudades dos tempos em que nos respiravamos sem ninguém dar conta, em que os olhares traziam mil palavras, em silêncio, de compreensão e de gargalhada.

Ontem quando entrei em tua casa soube que este era o amor que ia guardar sempre comigo, dentro da minha mão. Vou guardá-lo bem, e sempre.

E esse espelho, bem espero que o guardes, para quando eu voltar a passar as manhãs no tapete azul o ter como companhia.